Dica do Especialista – Obesidade Infantil

A Obesidade é uma doença crônica caracterizada pelo excesso de gordura corporal, causando prejuízos à saúde do indivíduo. A obesidade coincide com um aumento de peso, mas nem todo aumento de peso está relacionado à obesidade. Muitos atletas, por exemplo, são mais “pesados” devido à massa muscular e não adiposa.

A determinação do sobrepeso e da obesidade é multifatorial e social, e está relacionada à má alimentação, aos modos de comer e de viver da atualidade. Além disso, também ela está relacionada ao sistema alimentar vigente no país, que consome cada vez mais produtos processados e ultraprocessados. Esses produtos são fabricados pela indústria com a adição de substâncias, como gordura, sódio e açúcar para torná-los mais duráveis, mais saborosos e, supostamente, mais atraentes.

No geral, a população mundial está ganhando peso rapidamente, principalmente crianças e adolescentes. De acordo com um estudo publicado na revista científica The Lancet, em 2017, a taxa global de obesidade em crianças disparou em 41 anos. O Brasil segue na mesma direção. Sem que ocorra uma mudança de hábitos, até 2023, essa enfermidade pode atingir 11,3 milhões de crianças no país, de acordo com um alerta divulgado pela Federação Mundial de Obesidade.

As causas da obesidade não são apenas individuais, mas também são ambientais e sociais, sobre as quais o indivíduo, em algumas ocasiões, não tem tanta capacidade de interferência. Conversamos com a Pediatra Márcia Mizrahy para entender um pouco mais sobre esse assunto e esclarecer algumas dúvidas de vocês leitores.

Márcia começa explicando a importância da prevenção da obesidade. “Aleitamento materno exclusivo por seis meses e introdução de alimentos saudáveis a partir desses seis meses de vida com manutenção de aleitamento materno até, em torno, dos dois anos”, disse. De acordo com a Pediatra, essa é a primeira forma de prevenção de obesidade, diabetes e hipertensão. Ela ainda explica que o grande problema das crianças de hoje, além do excesso dos alimentos calóricos, é o sedentarismo. “A segunda forma de prevenção, além da alimentação correta, de não dar alimentos fora de hora, de não estimular os alimentos chamados de ‘calorias vazias’, temos que estimular as atividades físicas”. Ela reforça que os pais devem brincar com as crianças, estimulando os exercícios físicos. “Esse é o caminho de prevenção da obesidade”, pontua.

A profissional ainda comenta que obesidade na infância tem sérias repercussões na vida adulta porque pode ocasionar a síndrome metabólica, a qual é “a evolução da obesidade, para a hipertensão e o diabetes. A criança obesa é o adolescente obeso que será o adulto obeso. Temos que nos preocupar com a saúde das nossas crianças, precisamos delas saudáveis, com alimentação sadia e atividades físicas. A fórmula é simples, mas tem que ser feita”, conclui.

A criança é considerada obesa, segundo a médica, quando está acima de dois desvios padrão do percentil do peso dela. Após o exame com um profissional, é possível saber se a criança está ou não acima do peso. Ela ainda comenta que até pessoas leigas podem avaliar ao observar uma criança. “É uma percepção e de medidas”, disse. Famílias obesas têm maior propensão a ter filhos obesos, mas, como explica a profissional, isso não quer dizer que filhos de pais obesos tenham que ser obesos porque é possível mudar a programação genética praticando atividades físicas e mantendo uma alimentação saudável. “Os pais têm que estar atentos à alimentação e às medidas da criança”, ressalta.

Muitas vezes os pais demoram a identificar a obesidade infantil como uma doença nas crianças. Márcia reforça que isso é resultado, em muitos casos, do comodismo. Ela explica que muitos responsáveis optam por dar à criança um alimento menos saudável, por avaliarem como mais prático, do que dar uma fruta para não precisarem ter o trabalho de descascar e/ou picar.

É sempre indicado que os pais, ao observarem um ganho de peso excessivo nas crianças, levem os filhos ao profissional. De acordo com Márcia, após uma avaliação, o Pediatra pode achar necessário encaminhar a criança para um Endocrinologista Pediátrico ou, até mesmo, para um Nutricionista para que seja feita uma reeducação alimentar familiar. “Não adianta o pai não dar refrigerante para a criança, mas tomá-lo. É uma educação familiar que precisa ser feita”. Ela reforça que é importante que a mudança de hábito seja feita em família.




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